Digitalização e novas tecnologias para a agricultura passam pela questão da conectividade
Concretizar a conectividade no campo é fundamental para que as tecnologias da agricultura 4.0 possam, de fato, serem usadas de forma a produzirem resultados.
É um momento decisivo para o futuro da agricultura baseado na digitalização, sobretudo no que diz respeito à infraestrutura para a conectividade no campo.
Em termos de tendências e novas tecnologias – algumas já bem disseminadas e que estão sendo vistas em feiras agrícolas nacionais e internacionais -, estão veículos autônomos, drones, ferramentas que possibilitam experiências múltiplas e muitas startups voltadas para o agronegócio, oferecendo soluções para culturas, máquinas e produtores.
“Há a necessidade de concretizar a conectividade no campo para que as tecnologias da agricultura 4.0 possam, de fato, serem usadas de forma a produzirem resultados. Há anos estamos desenvolvendo dispositivos, softwares, sensores e equipamentos autônomos que vão se conectar para subsidiar melhor as informações para os produtores rurais”, avalia Fernando Gonçalves, presidente da Jacto, empresa de máquinas, equipamentos agrícolas e soluções para agricultura de precisão de Pompeia (SP).
Sustentabilidade e máquinas autônomas
Nesse contexto, também existe um forte apelo às questões de sustentabilidade, que já impacta o produtor rural e a forma como ele produz, como as questões de rastreabilidade dos alimentos e carnes.
“A população, em geral, quer saber o que estão consumindo e quais os recursos que foram utilizados no processo produtivo daquele alimento. Por isso, tecnologias que permitam um acompanhamento preciso, do campo à mesa, são cada vez mais uma exigência do mercado consumidor” diz o executivo.
De acordo com a consultoria Gartner, entre as 10 principais tendências estratégias de tecnologia para 2020, foram discutidas especialmente duas delas: tecnologias voltadas para pessoas e tecnologias que vão tornar os ambientes inteligentes, em que essas pessoas vivem ou trabalham.
A previsão da consultoria é de que vai haver uma grande automação de vários processos, em todos os setores e que vai acontecer de forma muito rápida, já que as ferramentas já estão desenvolvidas e à disposição.
“Estando as tecnologias já disponíveis ou em evolução, a dúvida é porque não existe um salto de produtividade. Acreditamos que é preciso mudar todo ecossistema, com aprendizados e experiências coletivas, pessoas protagonistas, que vão assumir o papel de traduzir essas novas ferramentas para o dia a dia do campo. Transformar a tecnologia, que é muito complexa e com avanço rápido, em algo que seja simples e o que agricultor consiga usar”, explica Fernando.
Falando em automação, a Jacto trabalha no desenvolvimento de seu veículo autônomo, o JAV (Jacto Autonomous Vehicle), desde 2008 e a atual versão, JAV II, foi apresentada em 2013 durante a Agrishow de Ribeirão Preto.
“Não necessariamente é uma tecnologia que vá dominar o mercado muito em breve, mas a partir deste projeto conseguimos desenvolver e aprimorar outras tecnologias mais comerciais. O JAV tem servido à Jacto todos estes anos como plataforma tecnológica”, explica Sérgio Sartori Junior, diretor de P&D.
Porém, a tecnologia dos veículos agrícolas autônomos ainda não está suficientemente madura para comercialização. É preciso aprimorar os sensores para gerar mais segurança para a operação quando surgem adversidades, como obstáculos ou animais na pista, além do aprimoramento das tecnologias de GPS, que apresenta falhas em áreas encobertas pela vegetação, por exemplo.
“Mais uma vez destacamos que é preciso melhorar no Brasil as condições de conectividade no campo. A Jacto faz parte de várias iniciativas para tal, como o ConectarAgro e BDCA, que, respectivamente, pretendem viabilizar internet aberta às regiões agrícolas do Brasil e unificar os dados gerados por máquinas de diferentes marcas em uma plataforma na nuvem para agilizar a tomada de decisão do agricultor. As iniciativas oferecem a este assunto maior aceleração”, diz Gonçalves.
Gestão à vista
Outra discussão importante é como as tecnologias embarcadas nas máquinas colaboram para uma gestão mais racional, com ganho de performance operacional e aumento da produtividade agrícola ao fornecer informações para que o trabalho seja feito de forma preventiva, diminuindo desperdícios e falhas.
Esse é o caso da solução OtmisNET de Telemetria da Jacto, que tem o diferencial de ser multimarcas, podendo ser usada para plantio, pulverização, adubação, colheita e preparo do solo, independente do fabricante da máquina. Assim, o produtor rural ou o gestor agrícola acompanha em tempo real todo o processo produtivo e a solução. Com o suporte da conectividade, permite a identificação e intervenção de forma ágil no momento em que as falhas estão acontecendo.
O uso de soluções da agricultura com o conceito de gestão à vista e suporte da conectividade no campo, permite o acompanhamento das operações e tomadas de decisão ao longo dos processos. No contexto em que o produtor rural trabalha com margens cada vez mais reduzidas, as tecnologias são aliadas importantes na gestão racional de custos.
“Acreditamos que seja importante conhecer os benefícios que a tecnologia pode oferecer aos seus negócios, vendo resultados na prática. Existem diversas maneiras de introduzir a digitalização na agricultura e levar a tecnologia para o campo. Entre a mais difundida está o uso da análise de dados para um melhor entendimento do clima regional, englobando aspectos meteorológicos, geográficos e até mesmo de adaptação de algumas espécies. Essa gestão mais precisa vai oferecer mais possibilidades de redução de custos e consequente aumento da rentabilidade”, complementa Fernando Gonçalves, presidente da Jacto.
Com a palavra, o produtor rural
Tecnologia, qualificação, responsabilidade, eficiência, produtividade, sustentabilidade e compromisso. Essas são as palavras que conectam produtores rurais em diferentes partes do mundo quando questionados sobre o que pensam a respeito do cenário futuro da atividade agrícola, atividade que deve movimentar em todo mundo U$ 13,5 trilhões até 2025.
As falas, colhidas em países como Rússia, Ucrânia, Paraguai, Argentina e Brasil, tem rosto e tem voz: são produtores rurais convidados pela Jacto, e que ilustram a campanha institucional da empresa para o ano de 2020.
Com o mote “Servindo a quem faz o futuro”, serão trabalhados ao longo do ano as mensagens desses próprios agricultores como forma de promover uma reflexão sobre a agricultura no futuro, seus desafios, resultados e, sobretudo, compromisso com uma produção sustentável.
A produtora Elizana Baldissera Paranhos, falando sobre perspectiva do Brasil no agronegócio mundial, comenta justamente a questão da responsabilidade pela demanda mundial de produção de alimentos, mas com foco na sustentabilidade.
“Nós temos essa capacidade de ser o grande fornecedor de alimentos do mundo, sendo sustentável, com responsabilidade”, avalia.
A questão das tecnologias nesse cenário é destaque na fala de Vyacheslav Prigodin, agricultor da Rússia: “No futuro vejo as máquinas trabalhando sozinhas no campo, controladas por computadores. Mas, antes de tudo, a pessoa é quem toma as decisões e sem o ser humano não vai ser possível cultivar”, avalia Prigodin.
Nesse cenário, a preocupação se estende também às pessoas inseridas na cadeia do agronegócio e a importância da qualificação também aparece na fala dos produtores rurais. “A tecnologia não existia e agora está aqui, nos impulsionando. Mas, sem as pessoas, não funciona. Vamos sempre precisar de profissionais e que sejam cada vez mais qualificados”, afirma Mykola Borivskiy, produtor Rural da Ucrânia.
Jacto Agrícola, 22/01/2020